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PMEs mais fortes: o poder do RH estratégico

Como a gestão de pessoas impulsiona produtividade, retenção de talentos e crescimento sustentável nas pequenas e médias empresas

As pequenas e médias empresas (PMEs) são a base da economia brasileira. De acordo com dados do SEBRAE, em 2023, elas foram responsáveis por 50% do valor agregado nacional, 60% dos empregos formais e cerca de 30% do PIB. Em 2024, o faturamento das PMEs cresceu 4,5% em relação ao ano anterior. Além disso, o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou alta de 3,3% no último trimestre de 2024, reforçando o potencial de crescimento e a resiliência desse setor essencial para o desenvolvimento econômico do Brasil.

Apesar da relevância econômica, as PMEs enfrentam desafios significativos em um mercado cada vez mais competitivo, como alta rotatividade, dificuldade para atrair e reter talentos, desmotivação das equipes e sobrecarga dos gestores. Esses obstáculos podem comprometer não apenas o crescimento, mas também a sustentabilidade do negócio. Tais desafios tendem a se intensificar conforme o tamanho e o momento de maturidade da empresa — especialmente nas fases iniciais ou durante a expansão, quando os recursos são mais limitados e os processos ainda estão em construção.

Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, realizada para o Itaú Empresas e divulgada em setembro de 2024, 90% dos gestores de PMEs enfrentam dificuldades relacionadas ao cenário macroeconômico, principalmente nas áreas de crescimento, inovação e gestão financeira. Mesmo assim, 60% planejam expandir suas operações em 2025, e 79% demonstram otimismo em relação ao futuro. Para que essa expansão aconteça de forma sustentável, contudo, é fundamental que as PMEs consigam engajar suas equipes e reter talentos estratégicos.

Durante muito tempo, práticas de RH foram vistas como exclusividade de grandes corporações — associadas à burocracia e à operação administrativa, como folha de pagamento e controle de ponto. Hoje, com o reconhecimento do capital humano como principal ativo competitivo, a gestão de pessoas assume papel estratégico, especialmente para PMEs que desejam se destacar em mercados desafiadores.

Para essas empresas, estruturar o RH significa superar barreiras como escassez de tempo, orçamento reduzido e falta de especialização técnica. Além disso, é comum enfrentar resistência das lideranças em relação à formalização de processos, avaliações de desempenho e práticas frequentes de feedback. Outro obstáculo relevante é a ausência de dados concretos: sem indicadores claros sobre engajamento, produtividade e turnover, as decisões tendem a ser baseadas em percepções, reduzindo a eficácia das ações. Nesse contexto, uma comunicação clara e o apoio de pessoas-chave tornam-se aliados fundamentais na mudança de cultura.

Ainda assim, empresas que decidem investir — mesmo que de forma gradual — na estruturação do RH colhem resultados importantes. O clima organizacional melhora, a tomada de decisões se torna mais assertiva e o negócio ganha previsibilidade. Estudos reforçam esse impacto: um levantamento de Mark Huselid mostrou que as High Performance Work Practices (práticas de trabalho de alto desempenho) estão associadas a reduções significativas de turnover e aumentos expressivos na produtividade e na receita por colaborador.

Outro benefício relevante é o fortalecimento da cultura organizacional. Nas PMEs, a cultura costuma refletir o estilo dos fundadores. A área de gestão de pessoas apoia a tradução dessa essência em comportamentos, práticas e valores que possam ser compartilhados e replicados à medida que a empresa cresce.

Mais do que oferecer os maiores salários, empresas com cultura forte e ambiente saudável se destacam pela forma como valorizam as pessoas. Reconhecimento, respeito e oportunidades de desenvolvimento tornam-se vantagens competitivas reais para atrair e reter talentos — mesmo diante da concorrência com organizações maiores.

É importante reforçar que um RH estruturado não exige necessariamente grandes investimentos ou ferramentas sofisticadas. Iniciativas simples, como estabelecer rotinas de escuta ativa, construir planos de cargos acessíveis, mapear competências e investir na formação de líderes e equipes, já constituem passos estratégicos essenciais. O ponto central é integrar a gestão de pessoas aos valores e objetivos do negócio.

Investir em RH estruturado representa, para as PMEs, a adoção de uma postura estratégica indispensável para garantir relevância, competitividade e sustentabilidade diante dos desafios atuais e futuros.

No fim das contas, toda PME é feita de pessoas — são elas que vendem, entregam, inovam e representam a marca diariamente. Valorizar esse capital humano, oferecendo ambiente, ferramentas e reconhecimento adequados, é o que diferencia empresas que apenas sobrevivem daquelas que crescem de forma sólida e consistente.