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Mercado reduz previsão de inflação para 4,32% em 2025

Dólar deve fechar o ano cotado a R$ 5,44

O mercado financeiro prevê que o ano de 2025 fechará com uma inflação de 4,32%, resultado abaixo do teto da meta. Com relação ao crescimento do país, manteve a expectativa da semana com o Produto Interno Bruto em 2,26%.

Por se tratar do último mês do ano, quando os números se apresentam praticamente consolidados, o Boletim Focus, produzido pelo Banco Central, após consultar o mercado financeiro, não apresentou, nesta segunda-feira, em Brasília, projeções para a taxa básica de juros – a Selic. Ela está em 15% ao ano.

A taxa básica de juros situa-se no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. Após chegar a 10,5% ao ano em maio do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro de 2024. A Selic chegou a 15% ao ano na reunião de junho, sendo mantida nesse nível desde então.

As variações foram mínimas tanto para a inflação como para o câmbio. No caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país), o mercado financeiro reduziu as expectativas pela sétima semana consecutiva. Há uma semana, a previsão estava em 4,33%; e há quatro semanas, em 4,43%.

Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5%, e o superior, 4,5% (acima, portanto, do resultado estimado, de 4,32%)

Em novembro, a alta no preço das passagens aéreas fez a inflação chegar a 0,18%. Em outubro, o IPCA havia sido de 0,09%. Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses é 4,46%, também dentro da meta do CMN.

Para 2026, a expectativa do mercado financeiro é de que o IPCA fique em 4,05%; e para 2027 é de que o índice seja de 3,8%.

No caso do câmbio, o mercado projeta que o dólar feche o ano cotado a R$ 5,44, projeção ligeiramente maior que a da semana passada que estava em R$ 5,43; e inferior à projeção apresentada há quatro semanas, que estimava o dólar cotado em R$ 5,40.

Com relação ao PIB, estável segundo as expectativas do mercado em 2,26%, o Boletim Focus manteve também as estimativas anteriores para 2026, com um crescimento projetado de 1,80% – mesma projeção para 2027.

Puxada pelas expansões dos serviços e da indústria no segundo trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu 0,4%. Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou 4,8%.

‘Cautela permanece, mas agora com maior visibilidade’, diz especialista

Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, “o mercado entra em 2026 mais previsível do que vinha sendo, ainda que não exatamente mais otimista. A cautela permanece, principalmente por conta do cenário fiscal e do ambiente internacional, mas agora ela vem acompanhada de maior visibilidade.”

“O último Focus do ano reforça, sim, a confiança do mercado na atuação do Banco Central para 2026. As projeções finais mostram um grau maior de estabilidade nas expectativas, especialmente para inflação e juros, o que sinaliza que o mercado acredita na continuidade de uma política monetária firme e coerente com o objetivo de convergência inflacionária”, avalia.

Ainda segundo ele, o mercado entra em 2026 mais previsível do que vinha sendo, ainda que não exatamente mais otimista.

Já para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, “com o resultado do último Focus do ano, as expectativas estão mais bem ancoradas e a confiança na atuação do Banco Central para 2026 permanece preservada. As projeções finais mostram nova acomodação do IPCA, especialmente para 2026, reforçando a percepção de que a política monetária restritiva cumpriu seu papel de conter pressões inflacionárias persistentes.”

“O mercado parece confortável com a estratégia do Banco Central de manter juros elevados por mais tempo antes de iniciar um ciclo de cortes, o que reduz o risco de desancoragem das expectativas. A estabilidade das projeções para a Selic no horizonte relevante indica que os agentes enxergam coerência entre discurso, ação e resultados. Do ponto de vista do apetite ao risco, o Focus não sugere euforia, mas melhora na previsibilidade”, analisa.